Angioedema Hereditário

Definição

Angioedema hereditário é uma condição rara caracterizada por um defeito no sistema imune, que resulta na produção excessiva de uma substância chamada bradicinina e, consequentemente, em episódios recorrentes de inchaço que podem atingir qualquer parte do corpo, interna ou externa. Por vezes, são desfigurantes, incapacitantes e ameaçadores à vida.

É importante ressaltar que não se trata de uma condição alérgica. Sua causa é genética e pode ser transmitido de pais para filhos no padrão autossômico dominante.

Manifesta-se independente do sexo, raça ou etnia, e embora os primeiros sintomas sejam mais comuns ainda durante a infância, pode se manifestar pela primeira vez na adolescência ou fase adulta.

Sinais e sintomas

O angioedema hereditário se manifesta na forma de episódios recorrentes de inchaço que geralmente persistem por alguns dias e regridem sem deixar sequelas. Podem ocorrer de forma espontânea ou serem desencadeados por diversos fatores como medicamentos inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e contraceptivos contendo estrogênio, traumas físicos como batidas, machucados, cirurgias e procedimentos médicos, estresse, alterações hormonais, processos inflamatórios e infecciosos, entre outros.

 

Crises subcutâneas

Inchaços que atingem braços, pernas, mãos, pés, face, entre outros.

  • Inchaço;
  • Formigamento;
  • Limitação dos movimentos;
  • Febre local.

Crises abdominais

Inchaços que atingem a mucosa intestinal

  • Dor abdominal intensa;
  • Vômitos;
  • Diarreia;
  • Desmaios.

Crises em vias aéreas

Inchaços que atingem garganta e laringe

  • Falta de ar;
  • Dificuldade para engolir;
  • Rouquidão;
  • Tosse.

Diagnóstico

Seu diagnóstico é baseado no histórico familiar e clínico do paciente, além de exames de sangue como C1 INH quantitativo e qualitativo, dosagem do complemento C4 e C1q. 

O angioedema hereditário pode ser dividido em três tipos:

  • AEH Tipo 1 – Deficiência de C1 INH quantitativa;
  • AEH Tipo 2 – Deficiência de C1 INH qualitativa;
  • AEH Tipo 3 – C1 INH normal. Nesse caso, o exame genético é fundamental para o diagnóstico.

Sinais e sintomas como presença de coceira ou urticária, melhora com anti-histamínicos ou corticoides e regressão dos inchaços em menos de 24 horas falam contra o diagnóstico de angioedema hereditário. Exames adicionais podem ser solicitados para descartar outras condições que possuem quadro de sinais e sintomas semelhante.

Tratamento

Não existe cura para o angioedema hereditário. No entanto, existe tratamento disponível.

O tratamento profilático tem como objetivo a prevenção e redução do número de crises por meio de medicamentos contínuos como andrógenos atenuados, anti fibrinolíticos e concentrados de C1 INH. 

Em crises agudas, o tratamento imediato é importante principalmente em caso de edema de vias aéreas, que pode levar à morte por asfixia. Medicamentos utilizados para frear a progressão do inchaço e alívio dos sintomas incluem concentrados de C1 INH, inibidores de bradicinina e calicreína. Em último caso, quando não há medicação disponível, pode-se utilizar plasma fresco congelado.

Angioedema hereditário não se trata de uma condição alérgica. Enquanto reações alérgicas são mediadas por histamina, a doença é mediada por bradicinina, e, portanto, não responde a anti-histamínicos e corticoides. O desconhecimento médico acerca de uma doença que à primeira vista se parece com alergia pode prolongar o sofrimento do paciente e até mesmo levá-lo a óbito pelo tratamento incorreto.

Não inicie, altere ou abandone seu tratamento sem orientação médica.

Última alteração/revisão – janeiro/2023

 

Fontes: esta página tem como fontes principais Orphanet, MSD Manuals, SciELO, Science Direct, e Pubmed.

Fontes adicionais: Associação brasileira de angioedema hereditário, Grupo de estudos brasileiro em angioedema hereditário, Hereditary angioedema international, Livro “Doutor, eu tenho angioedema hereditário”

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Informações gerais

Sinônimos: AEH, Edema de Quincke

Prevalência: 1/50.000

Hereditariedade: Autossômica dominante

CID10: D84.1

CID11: 4A00.14

Principais especialidades: Imunologia, genética médica